HOMEOPATIA E PSICANÁLISE

Homeopatia: o que é e o que não é

DR PAULO DARUICHE • 25 de fevereiro de 2025

Saiba mais sobre a história e os princípios fundamentais da Homeopatia.

Quando pergunto às pessoas: “Você sabe o que é Homeopatia, e para que serve?”, em geral ouço as mesmas respostas:

. “É uma medicina natural”;

. “É uma forma de tratar as doenças à base de plantas, ervas, chás ou infusões”;

. “Se não fizer bem, mal não vai fazer”;

. “É medicina alternativa, não é uma forma reconhecida de tratamento”;

. “É uma medicina espiritual”;

. “Precisa ter fé para que funcione”;

. “Até funciona, mas é lenta, a longo prazo”;

. “Só pode ser usada para doenças sem gravidade”.


Eu até já ouvi que a homeopatia só pode ser usada para doenças “engraçadas”, pois para doenças “sérias” precisa de um médico (!). Ainda hoje me pergunto o que seria uma doença “engraçada”.


A Homeopatia é uma forma de tratamento médico introduzida por Samuel Hahnemann em 1790, e utiliza como premissa a Lei dos Semelhantes: aquilo que produz determinada condição tem o poder de curá-la (Veja o texto Homeopatia, a medicina da não violência).

Desta maneira, a homeopatia (cujo nome vem do grego Homoiopátheia, e significa “semelhante ao sofrimento”) utiliza medicamentos que agem no organismo reequilibrando a Energia Vital (a Energia Vital, ou Energia da Vida, é o que mantém nosso organismo “em admirável harmonia em todas as suas sensações e funções”, nas palavras de Hahnemann.


Afinal, somos feitos de energia. Biologicamente, somos feitos de 70% de água. Nosso sistema vivo é mantido por um tipo especial de energia que permite a agregação, o equilíbrio, a manutenção, enfim, a homeostasia, que é a maravilhosa autorregulação de todo o sistema.

Como no microcosmo onde o núcleo e os elétrons mantém-se em harmonia, ou no macrocosmo onde as estrelas e os planetas também, no organismo vivo a Energia Vital é quem mantém o sistema. Quando a pessoa morre, perde a energia da vida, e o sistema orgânico se desagrega, se decompõe).


A Homeopatia preocupa-se com as pessoas, e não primariamente com as doenças.
 A preocupação é em restabelecer a saúde do indivíduo. Claro que, para isto, as doenças devem ser curadas, mas o foco não é nas doenças, o foco do tratamento homeopático está no reequilíbrio da Energia Vital das pessoas, em uma abordagem global (afinal, “indivíduo” significa “aquele que não pode ser dividido”; assim, necessariamente ver um indivíduo significa ver a pessoa em todos os seus aspectos: biológico, psicológico, emocional, ambiental, social etc).


A Homeopatia utiliza, quando for necessário prescrever um medicamento, o medicamento que melhor cobrir todo o caso em questão. Quase sempre um medicamento único, escolhido por ser o melhor para aquela pessoa naquele momento. Os medicamentos homeopáticos são preparados segundo normas precisas, e podem ser feitos a partir de plantas, de animais (por exemplo, veneno de cobras, de abelhas) ou também de minerais (por exemplo, ferro, ouro etc.).


A Homeopatia não usa apenas plantas, e quando usa, não é para tratar uma doença isoladamente, mas para reequilibrar a energia vital de todo o indivíduo.


Por exemplo, uma mulher que sofria de problemas gástricos e digestivos me perguntou se eu lhe receitaria boldo; eu lhe disse que não, isto seria fitoterapia ("cura pelas plantas"), não Homeopatia. O medicamento homeopático que ela precisava deveria ajudar ao mesmo tempo os seus problemas digestivos, a sua insônia, as cólicas menstruais, a enxaqueca e os transtornos de humor – ou seja, ela toda. Fora as recomendações de mudanças de alguns hábitos para outros mais saudáveis.


Voltando ao conceito de Energia Vital, Hahnemann, pensando em como tratar a pessoa integralmente, classificou os sofrimentos em dois tipos básicos, de acordo com seu tratamento:

. As que precisam de medicamentos para alcançar a cura através do reequilíbrio da Energia Vital - o tratamento destas depende de medicamentos homeopáticos escolhidos de forma adequada para cada pessoa, levando-se em conta a sua idade, constituição, hereditariedade, etc. - enfim, sua individualidade;

As que não precisam de medicamentos para alcançar a cura -  o tratamento destas depende principalmente da mudança de posturas e de hábitos de vida – alimentação, higiene, exercícios físicos, boa postura mental e emocional, desligar-se de trabalhos ou relacionamentos tóxicos etc.


Na prática, durante uma consulta, o médico homeopata investiga o que há no relato dos sofrimentos da pessoa que, para ser melhorado ou curado, precise de medicação, e o que precisa de outras abordagens. E quase sempre as duas formas de sofrimento citadas acima acontecem misturadas (por exemplo, uma pessoa com tendinite crônica que fica muitas horas por dia digitando ou que se submete a esforços repetitivos; ou uma pessoa com depressão que mantém uma postura emocional de mágoas e de não conseguir perdoar ofensas recebidas etc.).


Desta forma, no caminho da restauração da saúde, precisaremos de medicamentos, e também da remoção de quaisquer obstáculos que impeçam a pessoa de recuperar sua saúde. E o tipo de abordagem homeopática depende de cada caso, levando sempre em conta a totalidade.


A Homeopatia não desvaloriza qualquer tipo de sofrimento, muito pelo contrário. Por isso as consultas homeopáticas são mais completas e demoradas.


A Homeopatia muitas vezes é confundida com placebo – dizem que as pessoas melhoram porque sentem muita confiança no tratamento, ou porque a consulta integral forma um vínculo mais forte entre médico e paciente. Claro que a confiança é essencial – quem se consulta com alguém em quem não confia? Assim como são inegáveis as vantagens de uma medicina baseada em uma clínica ampliada, e feita de forma demorada. Mas o resultado da homeopatia é bem maior que os 39% de sucesso do placebo.


A Homeopatia e seus resultados têm sido cada vez mais estudados em artigos acadêmicos, e a matéria está presente nas universidades – eu mesmo desenvolvi minha tese de mestrado na UNIFESP com o tema “Homeopatia nas Epidemias” - aliás,  a homeopatia têm sido utilizada no Brasil com muito sucesso em diferentes epidemias ao longo da história (por exemplos, cito a dengue, COVID-19, etc.). E mais outras existem, e têm surgido.


Embora muitas vezes alvo de críticas e polêmicas, fato é que, desde o seu surgimento, a homeopatia tem embasamento científico, com um método próprio. E, no Brasil, a homeopatia é oficialmente reconhecida desde 1980, e tornou-se política pública de saúde desde 2006: todo brasileiro deve ter acesso gratuito ao tratamento homeopático no SUS, e a Homeopatia está presente nos postos de saúde brasileiros.


Outro ponto – “a homeopatia é lenta” – também não se verifica. A homeopatia não é lenta, e pode ser utilizada para tratamento tanto de quadros agudos como crônicos. Na verdade, espera-se uma evolução rápida com o tratamento homeopático de quadros agudos; por exemplo, tratar uma pessoa com uma infecção (amigdalite, cistite, pneumonia, etc.) em geral é sempre mais rápido com o uso da Homeopatia do que os costumeiros 7, 10 ou 14 dias de antibióticos. O mesmo vale para quaisquer outros quadros agudos – de doenças agudas comuns a queimaduras. Idem para os quadros crônicos (asma, enxaquecas, depressão, hipertensão, etc.).


São muitos exemplos, mas é importante frisar que o objetivo da homeopatia é reequilibrar a energia vital das pessoas. Cada caso, agudo ou crônico, é um caso; e a resposta de cada pessoa depende de muitos fatores. Pode ser mais demorada, ou pode não ter resposta.

Pacientes muito desvitalizados dificilmente respondem a qualquer tipo de tratamento, e quanto maior for a dificuldade de harmonizar a energia vital, pior será a resposta do paciente para se restabelecer. Mas de nada serviria a homeopatia se ela fosse insuficiente ou inútil.

Geralmente vemos as pessoas conseguindo curas de doenças agudas e crônicas, de menor ou maior gravidade, em menor tempo, e com quase nenhum efeito colateral (que por vezes podem ocorrer, embora os medicamentos homeopáticos sejam muito seguros).


E, se a resposta não for adequada, precisamos entender as razões disto: bloqueios que dificultam a ação dos medicamentos homeopáticos, hábitos de vida inadequados que não foram modificados, uso concomitante de antídotos dos remédios homeopáticos, ou outros obstáculos ao tratamento. E trabalhar também neste campo.


Finalizando: Em resumo, o que é homeopatia?

Trata-se de um sistema de tratamento médico desenvolvido por Hahnemann, e que utiliza a Lei dos Semelhantes para estimular, através de medicamentos diluídos e dinamizados, a resposta positiva da Energia Vital em direção à cura.


E sim, a Homeopatia é uma medicina natural, pois a resposta curativa do nosso organismo é da nossa natureza, e Hipócrates já a conhecia - e a chamava de vis medicatrix naturae (poder curativo da natureza); mas a terapêutica não é baseada apenas em plantas. Pode ser preventiva ou curativa, e a cura deve ser alcançada (tanto em quadros agudos quanto em crônicos) de forma rápida, segura e duradoura.


Até a próxima!









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