HOMEOPATIA E PSICANÁLISE

Crianças que dormem com os pais: a quentinha e perigosa cama da mamãe

TANIA BAPTISTA • 9 de novembro de 2017

Este post diz respeito aos problemas que podem ocorrer por deixar as crianças dormirem na cama dos pais todo o tempo.

Émuito comum que os filhos pequenos apareçam no meio da noite à procura de um cantinho na cama da mamãe e do papai. Geralmente isto ocorre entre os 2 e 5 anos. Mas será que permitir que eles se aninhem entre os cobertores dos pais é uma atitude saudável? O que fazer quando isto acontece? É errado uma criança dormir na cama dos pais?


A criança pequena ainda não tem a sua individualidade amadurecida. Quando ela acorda no meio da madrugada, ela se sente sozinha, desamparada, e ficará tranquila quando estiver próxima dos pais.


Uma atitude interessante nesta situação seria acolher esta criança por alguns minutos com carinho e, posteriormente, levá-la de volta para a cama dela – mesmo que isto implique em fazer este trajeto várias vezes… e não vale levar a criança e dormir na cama dela! Caso necessário, melhor seria ficar alguns minutos em uma cadeira a seu lado.


A criança precisa vivenciar que seus pais estarão sempre dispostos a protegê-la, mas que cada um tem o seu espaço na constituição familiar.


“Ah”, diriam alguns, “mas é tão bom dormir com meu filho, ele é tão indefeso, ele chora desesperadamente e eu acabo cedendo, é muito mais prático deixá-lo dormir comigo... que tipo de mãe (ou pai) eu seria se deixasse meu filho (ou filha) sozinho naquele quarto escuro, frio, solitário… e eu já fico tanto tempo longe dele, no trabalho...”. Estas são justificativas muito comuns ouvidas dos pais, e por detrás delas há justamente uma intenção de resolver suas próprias questões emocionais conflituosas. Mas isto já é um assunto para outras conversas.


Quando é permitido que os filhos permaneçam o tempo todo na cama de seus pais, contribui-se para que a criança venha a desenvolver inúmeros conflitos na sua vida adulta. Vejamos alguns deles:


Quando o bebê nasce, ele não tem formada a sua individualidade; ele não formou ainda o seu Eu. Há uma indiferenciação entre o bebê e o mundo (ou seja, ele não sabe a diferença entre ele e o outro), e principalmente entre o bebê e aquele que exerce o papel de cuidador/cuidadora – na maioria da vezes a mãe (o bebê se percebe colado à mãe). Quando a mãe age de maneira superprotetora, não permitindo que este bebê comece lentamente a se afastar dela, ela pode dificultar a formação do Eu. Esta ligação simbiótica entre mãe e bebê pode contribuir para que a criança tenha dificuldades em se relacionar com o que – e quem – estiver fora desta relação, causando inseguranças, dependências, e até mesmo, em casos extremos, comportamentos com características autísticas. “Mas tudo isso só porque durmo com meu bebê na cama?”. É que, geralmente, uma mãe que não permite que seu bebê durma em seu próprio quarto também, sem se dar conta, acaba tendo atitudes simbióticas durante o dia. Dormir com o bebê, neste caso, é só um sintoma.


Além disso, durante a formação psíquica da criança, ela necessita receber na medida certa amor e limites. Excesso de proteção vai gerar uma criança dependente e insegura, que sempre precisará de alguém que a complete. Ela poderá se tornar um adulto fixado a uma fase infantil onde recebeu excesso de aconchego.


Ainda há outras questões: a estruturação da personalidade e a orientação do desejo se forma na primeira infância. Uma das bases da psicanálise – o complexo de Édipo – está intimamente ligada a esta estruturação. Segundo Laplanche e Pontalis, o complexo de Édipo consiste em um “conjunto de desejos amorosos e hostis que a criança sente em relação aos pais (…), [e] apresenta-se como na história de Édipo-Rei: desejo da morte do rival que é a personagem do mesmo sexo e desejo sexual pela personagem do sexo oposto”. Assim a criança (entre 4/6 anos) pode inconscientemente desejar o desaparecimento do parental do mesmo sexo para poder ficar, de forma fantasiosa, com o parental do sexo oposto: o filho quando dorme na cama quentinha com a mamãe, concretiza um desejo fantasioso de ter a mãe e afastar o pai. Para que, neste caso, o menino possa se tornar um homem que venha a desejar e conquistar outras mulheres e não desejar mais a mãe, ou seja, superar este complexo, faz-se necessário que haja uma interdição desta fantasia pelo pai. É preciso ficar muito claro qual papel cada um ocupa na dinâmica da família.


Por fim... uma criança que dorme na cama dos pais regularmente acaba interferindo na intimidade do casal: ponto para a criança sedutora!


Voltemos ao nosso título. A caminha da mamãe (ou do papai) pode ser muito agradável, mas se constitui em uma perigosa armadilha na formação do desejo sexual e da personalidade da criança. Ela deve ser levada a perceber que a caminha quentinha da mamãe... é para a mamãe.






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