Blog Post

É a “Baleia Azul” que mata os jovens?

PAULO DARUICHE e TÂNIA R BAPTISTA • 10 de maio de 2018

Vamos falar sobre depressão e suicídio na adolescência

Baleia Azul é um nome de um jogo originado em uma rede social da Rússia. Isto aconteceu há tempos atrás, mas o mundo entrou em pânico porque recentemente a notícia se renovou – na Inglaterra, o suicídio de jovens foi associado ao jogo pela imprensa.

O jogo traz uma sequência de 50 tarefas, sendo a última o próprio suicídio do jogador . A imprensa noticiou que centenas de jovens teriam se matado por causa do jogo. Mas o fato é que não se pode associar nenhum caso ao jogo. Diversos canais de notícias na Europa levantaram informações a respeito do jogo, e talvez a informação mais relevante veio da Radio Free Europe, que se fez passar por adolescente querendo jogar este jogo. Eles conversaram com os moderadores do jogo, que teriam dito não ser possível desistir, mas depois disto não mantiveram mais contato. A equipe do referido órgão conseguiu entrar em contato com diversos adolescentes que entraram no jogo, a maioria por curiosidade, e o mesmo ocorreu com eles: após o contato inicial não houve mais contato com os moderadores. Podemos dizer, sem muita margem de erro, que este jogo é um boato.

Mas o que vale aqui não é se o jogo é verdade ou não. A importância do tema consiste justamente no fato de que ele toca em um ponto muito doloroso para a nossa sociedade, o de que o suicídio de jovens está aumentando no mundo todo, e ninguém sabe o porquê. Isto acontece no Brasil também. O suicídio é a maior causa de morte entre jovens, competindo com os acidentes e causas externas/violentas.

O adolescente está em uma época da vida em que vive transformações e descobertas. A sexualidade, a liberdade para sair de casa, a participação em grupos ou turmas, a formação de opiniões sobre o que vê no mundo , são exemplos da diversidade das experiências desta fase.

Uma educação rígida demais na infância (onde se exige demais da criança) pode trazer consequências na adolescência. Exemplos são o sentimento de menos valia, de incapacidade, de sentir que tudo que faz nunca está bom, ou também o sentimento de perfeição, de sentir que não consegue ser tão belo ou bom como o esperado, de não ser tão bom orador entre os seus, de não ser reconhecido como “O Bom” , não ser popular, etc… Isto gera uma grande angústia. Por outro lado, uma educação permissiva demais (onde se permite tudo à criança) pode trazer, como consequência, a sensação de que o mundo nunca o satisfaz, pois ele não trabalhou a frustração quando criança.

Famílias que tem uma postura autoritária com o adolescente, não permitindo ideias diferentes, impondo vontades e não mantendo diálogos, tendem a aumentar a sensação de solidão. A solidão é um tema muito presente para o adolescente. Ele não compreende seu mundo interior, mas sente que a segurança emocional de antes (vinda da família) já não existe mais. A segurança vem agora dos amigos, ou de um líder, de alguém ou algo que lhe traga a verdade do mundo. A sensação de não ser compreendido, de não ser aceito, é constante nessa fase.

O adolescente precisa construir um novo olhar sobre o mundo, e para isso tende a negar a opinião vinda da família. Isto pode ser um motivo para aumentar os conflitos e o sentimento de angústia no ambiente doméstico.

A busca por um posicionamento no mundo é fundamental nesta fase. No período dos 14 aos 21 anos (o terceiro setênio da vida), o adolescente está construindo sua identidade (que aparecerá após os 21 anos, na fase adulta), e para isto parte em busca do que é verdadeiro. Estar inserido em uma turma, ou ter um líder, passa a ser fundamental. Entretanto, a verdade que este jovem procura pode ser qualificada pela angústia, pois nesse contexto, o que vale é a essência, e não os valores morais preconizados pela sociedade. Se alguns jovens passam a buscar a justiça social como verdade, e se inserem em grupos de movimentos sociais tais como partidos políticos, movimentos religiosos, trabalhos voluntários, etc, vemos a energia deles voltada para o outro. Mas se a angústia é grande, podemos ver um movimento de achar uma verdade que o livre da dor, como as drogas, o consumo desenfreado, a exaltação do corpo, etc. Neste caso, o líder pode ser um traficante, uma celebridade, ou qualquer tipo de jogo que prometa que ele fará parte de um grupo como ele: um jovem que sofre muito.

A busca por um posicionamento no mundo é fundamental nesta fase.

Voltando à baleia azul, quando um adolescente apresenta sinais de transtornos emocionais (por exemplo, depressão), ele está mais propenso a pensar na ideia de suicídio . E há um consenso de que, quanto maior a exposição a este assunto – especialmente se o suicídio é valorizado, visto como um desafio, ou romanceado, isto aumenta a possibilidade de alguém já predisposto passar a considerar mais fortemente o assunto. Os idealizadores (reais ou não) do jogo passam a ser vistos como líderes.

A melhor forma de prevenirmos isto é estar atentos ao comportamento deles. E fazemos isto olhando para eles, conversando, convivendo juntos e nos importando com as coisas deles. Quando um adolescente traz um assunto, e é tratado com violência ou desprezo (por exemplo, “Lá vem o aborrecente!”, ou “Ô fase chata da vida!”, ou “É importante o que você tem para me dizer? Se não for, não me diz, me deixa fazer o que estou fazendo!”, ou “Você não faz nada direito!”, e por aí vai…) , aos poucos ele para de falar. Quando ele não se sente valorizado, ele deixa de mostrar o que tem feito . Quando não perguntamos como foi o dia na escola, ou no trabalho, ele entende que não é importante. E quando ele se cala, e quando os pais acham que é melhor assim, quando não damos a oportunidade de ele participar e ser valorizado em um grupo, o perigo está muito perto. Ele pode acabar encontrando quem o valorize fora de casa, ou pode se sentir totalmente desvalorizado, se isto for muito forte e a depressão estiver se instalando, a ideia de suicídio pode ganhar força. Lá no quarto, sem ninguém em casa interessado nele, do seu smartphone (ou TV) acessa ao Netflix e vê a série “13 Reasons Why”, que descreve o suicídio da jovem Hannah, de 17 anos, como uma opção para resolver os problemas da vida que ela encontra no colégio. E, se alguém perguntar, diz que está vendo um seriado na TV…

Perguntar é se importar. É cuidar. É amar. Não é cobrar. É conversar, e ouvir sem preconceitos. Para uma criança pequena, determinamos as condutas, e para o adolescente, negociamos (e negociar é estabelecer um meio termo entre o meu e o seu, meio a meio, na medida do possível). Isso gasta tempo. E a escolha de como gerenciar o nosso tempo é nossa. Para prevenir este grande problema, não há um caminho único. Mas há uma formula simples para, ao menos, detectarmos precocemente que há algo errado acontecendo. Essa fórmula consiste em passar mais tempo com os nossos filhos. Usar o tempo conversando, perguntando, levando em festas, buscando, conhecendo os seus amigos (chamar os amigos em casa para comer ainda funciona!), cuidando, mostrando que ele é importante e perceber sinais de alerta… E, se encontrarmos, não ter medo de tocar em assuntos difíceis, pois o silêncio não ajuda muito nestes casos.

Este artigo não pretende esgotar o tema. Mas fica o alerta: é importante compreender que um jovem com depressão é um sinal de que a família precisa de ajuda. Todos sofrem, ou foram vítimas de alguma dor. Não tenha medo ou preconceito. Mostre que você se importa, se preciso, buscando ajuda especializada, mas principalmente estando ao seu lado.

Por Paulo Daruiche 20 de abril de 2020
Estamos vivendo momentos difíceis no Brasil, e especialmente na cidade de São Paulo. Após um mês do primeiro caso confirmado de vítima fatal relacionada à Covid-19 (este texto foi revisado em 17/abril/2020), passamos de 2000 mortes no Brasil (no estado de São Paulo temos a maior incidência, que são 928 mortes). Segundo os especialistas, estamos ainda na curva ascendente desta epidemia. E o isolamento paulista por enquanto segue até o dia 10 de maio. Um fator que aumenta muito o estresse que estamos vivendo é a falta (ou o excesso) de informações. Em parte porque ninguém ainda sabe, realmente, muita coisa sobre essa doença nova. Estamos aprendendo com ela, ao longo do tempo. Temos visto a comunidade científica divergindo de opinião. Por exemplo, vimos pesquisadores renomados afirmando veementemente que o número de mortos no Brasil (por sermos um país subdesenvolvido) poderia passar de um milhão de pessoas. Esta profecia parece ser bem distante de acontecer, ao menos até agora. Também vemos a divisão sobre quais tratamentos seriam mais eficientes, quais protocolos teriam melhor efetividade nas UTIs etc. O que temos de concreto até o momento? Em primeiro lugar, vamos ver as estatísticas. No Brasil, a mortalidade relacionada a esta doença hoje é de cerca de 6%. Ou seja, morreriam 6 em cada 100 pessoas doentes. É um número alto; mas esse número não está correto , pois não se sabe ao certo quantas pessoas tem a doença no Brasil. Estima-se que o número de pessoas contaminadas com Coronavirus seja muito maior (alguns pesquisadores falam em 10x mais), e não sabemos o número correto porque não são feitos testes para pessoas assintomáticas, ou com sintomas leves. Por isso, a taxa real de mortalidade deve ser bem mais baixa - talvez algo em torno entre 0,5 e 1%. Em segundo lugar (ainda nas estatísticas), existe um grupo de risco muito claramente definido. São as pessoas maiores de 60 anos, que apresentem doenças crônicas anteriores - especialmente cardiopatia e diabetes: 75% das vítimas fatais estão neste grupo (ou seja, 3 em cada 4 vítimas). E os homens também estão mais vulneráveis: cerca de 60% das vítimas são homens. Em terceiro lugar, nosso sistema de saúde precisa melhorar bastante. Normalmente faltam recursos, faltam leitos comuns. Esta doença, como vimos, tem uma preferência marcante por pessoas idosas, mas pessoas mais jovens também ficam doentes. O agravante é que nosso sistema de saúde não está preparado para receber um número maior de pessoas ao mesmo tempo, e isto provocaria um colapso - os poucos leitos que temos são ocupados rapidamente, e podemos chegar a uma situação na qual estejamos sem estrutura para acolher as pessoas doentes. Esta é a razão do isolamento em casa: demorar mais para contaminar toda a população, e dar tempo para os leitos dos hospitais ficarem desocupados (ou não totalmente ocupados, por nem todos ficarem doentes ao mesmo tempo). Além disto, não há consenso sobre o tratamento, e o tempo de ocupação dos leitos hospitalares e de UTIs é de duas a três semanas. Por fim, uma comparação com a mortalidade da gripe sazonal. Estima-se que no mundo morram todo ano até 650 mil pessoas por doenças respiratórias relacionadas à gripe comum (dados da OMS -Organização Mundial da Saúde). Até o momento em que este artigo é escrito temos cerca de 150 mil mortes relacionadas ao coronavirus. Então, o que sabemos desta doença é que: . A maioria das pessoas vai se contaminar em algum momento; . A grande maioria das pessoas (especialmente as mais jovens) terão pouco ou nenhum sintoma - mas esta doença também afeta pessoas mais jovens; . A taxa de mortalidade é muito mais alta entre as pessoas com mais de 60 anos e com doenças crônicas pré-existentes; . A mortalidade é maior entre os homens; . A taxa de mortalidade real desta doença parece ser relativamente baixa, provavelmente similar à da gripe sazonal e suas complicações; . Por enquanto ainda não há consenso sobre o tratamento alopático. Como a Homeopatia pode ajudar? Como já dissemos em outros textos, a Homeopatia pode ajudar de três formas: 1. Uma delas é tratando as pessoas doentes. Sabe-se que esta doença tem três fases: na primeira fase temos poucos sintomas (às vezes a pessoa nem tem sintomas): garganta seca, dores pelo corpo, cansaço, falta de apetite, diarréia, e dois sintomas bem peculiares são a anosmia (ausência repentina do olfato sem nariz congestionado) e a ageusia (ausência do paladar); na segunda fase aparece a dificuldade para respirar, a prostração fica muito grande, a pessoa sente cansaço para os mínimos esforços. A febre é geralmente baixa, alternando com calafrios e suor. E a terceira fase é a da insuficiência respiratória, onde os pulmões ficam muito comprometidos. De um modo geral, os sintomas que temos visto nos pacientes das duas primeiras fases são: . Grande fraqueza, debilidade; tontura; . Boca seca; . Náuseas; . Diarréia; . Dores de cabeça (às vezes concentrada no olho); . Dores no corpo (nas costas principalmente); . Dor no peito (muitas vezes em queimação); . Tosse seca; . Falta de ar, sensação de estar sufocando; . Piora geral ao entardecer; . Febre com calafrios; . Transpiração profusa. Temos visto que alguns medicamentos homeopáticos tem sido valiosíssimos (como o Arsenicum album, Camphora, Bryonia alba, Phosphorus, Antimonium tartaricum, Carbo vegetabilis , entre outros), mas é preciso individualizar cada caso para escolher o melhor medicamento. Em nossa experiência, o medicamento que tem resolvido mais de 90% dos casos tem sido o Arsenicum album. Ainda não tive a oportunidade de tratar nenhum paciente internado em UTI, mas com os medicamentos acima percebemos que os pacientes que já estavam passando da segunda para a terceira fase melhoraram com o tratamento homeopático domiciliar, e a doença regrediu. Neste momento posso contabilizar mais de 30 pacientes meus tratados em casa com homeopatia (confirmados de Covid-19 ou morando com pacientes confirmados). Tenho conversado com diversos médicos homeopatas de São Paulo e do Brasil, e a experiência tem sido bastante semelhante. Arsenicum album tem sido de enorme ajuda. 2. A segunda forma de ajuda que a Homeopatia pode oferecer é a identificação do “medicamento da epidemia”, que na Homeopatia chamamos de “Gênio Epidêmico”. Já explicamos em textos anteriores, mas segue aqui um pequeno resumo: o gênio epidêmico é o medicamento que poderia tratar a maioria das pessoas doentes, incluindo os casos graves. Ele só pode ser identificado quando a epidemia chega a um determinado local, pois os sintomas em certa cidade ou país podem ser diferentes dos que observamos em outras cidades ou países. Por isso, foi preciso esperar que a epidemia chegasse até nós para verificarmos quais sintomas as pessoas que ficavam doentes apresentavam, e assim escolher a melhor medicação. Embora já tivéssemos as indicações de medicamentos homeopáticos escolhidos em outros países, só poderíamos confirmar isto analisando e comparando com os nossos casos. Na Índia, país que faz fronteira com a China, o medicamento escolhido foi o Arsenicum album, como já dissemos em outro texto. Este medicamento foi dado à população, e a taxa de infecções e mortes na Índia tem sido surpreendentemente baixa até agora. Por isso, até este momento, ainda penso que o Arsenicum album é um forte candidato a ser o “Gênio Epidêmico” , o medicamento da epidemia. Na minha experiência ele tem se mostrado muito eficiente no tratamento dos quadros agudos na maioria das pessoas, e os sintomas da fase mais grave estão cobertos por ele. A única ressalva que ainda tenho, como já disse, é o tratamento de pacientes graves em UTIs. Seria ponto sem questionamento se pudéssemos observar esta melhora também nestes pacientes, mas até este momento não tenho este dado clínico. 3. E a forma que mais pode ajudar quem já se trata com Homeopatia: é preciso que todas as pessoas continuem seus tratamentos homeopáticos. Quando temos uma doença como esta, na qual as pessoas ainda não desenvolveram imunidade, é de fundamental importância que a imunidade inespecífica (a nossa resistência geral) esteja bastante eficiente, e conseguimos isto ao tratar homeopaticamente as doenças crônicas das pessoas (pacientes mais antigos de homeopatia entendem isto como o “remédio de fundo”). Com a manutenção do tratamento, a imunidade melhora, e a pessoa fica mais resistente às doenças em geral - além de melhorias em todos os órgãos e sistemas corporais, como o respiratório, digestivo, cardiovascular, endócrino e nervoso/psíquico. Com tudo em equilíbrio, nossa energia vital aumenta, e ficamos mais fortalecidos. Então vamos resumir as recomendações: 1. Fique em casa se for possível . Caso precise sair, use máscaras e tenha em mente um distanciamento das outras pessoas. 2. Lave as mãos . E o hábito de deixar os sapatos fora de casa deveria ser mantido sempre. 3. Converse com seu médico para saber quem poderia utilizar o Arsenicum album nesta epidemia, e de que forma. 4. Em casos agudos, ao menor sintoma, entre em contato o quanto antes . Evite tomar medicamentos que diminuam sua imunidade, e siga as recomendações médicas. 5. Não deixe de dar continuidade ao seu tratamento médico, ou à terapia. As consultas online neste momento estão ajudando muito. 6. Mantenha hábitos saudáveis , mesmo ficando em casa. Procure respeitar os ritmos de sono, os horários das refeições, evite excessos de comida ou bebida, tome sol, pratique exercícios. Finalmente, caso precise de ajuda para qualquer assunto relacionado à sua saúde, sejam questões físicas ou emocionais, entre em contato . A Homeopatia pode ajudar.
Por Dr Paulo Daruiche 14 de abril de 2019
Entendendo e desmistificando a febre
Por Dr. Paulo Daruiche 14 de abril de 2019
Aprendendo a cuidar da saúde nos meses mais frios
Por Tânia R Baptista 1 de agosto de 2018
Vamos refletir sobre o processo de amadurecimento humano
Por Tânia R Baptista 15 de julho de 2018
Entendendo o desenvolvimento psicológico infantil.
Por Tânia R Baptista 15 de julho de 2018
Continuando o entendimento do desenvolvimento psicológico infantil
Por Tânia R Baptista 15 de junho de 2018
Entendendo quando as crianças precisam de terapia, e quando são os pais quem precisam.
Por Paulo Daruiche 26 de abril de 2018
Um breve relato sobre a utilização da homeopatia nas epidemias
Por PAULO DARUICHE 25 de abril de 2018
Uma breve história de como surgiu a Homeopatia.
Por Dr Paulo Daruiche 30 de janeiro de 2018
Aplicação prática da Homeopatia em epidemias
Show More
Share by: