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Meu filho tem problemas emocionais. Terapia para os pais?

Tânia R Baptista • jun. 15, 2018

Entendendo quando as crianças precisam de terapia, e quando são os pais quem precisam.

Agressividade, isolamento, auto-destruição, timidez, imaturidade (birras, choros sem razão), falta de controle, rebeldia, falta de atenção, ansiedade… são tantos os sintomas emocionais que deixam mães e pais preocupados e pensando em procurar ajuda terapêutica!

É comum ouvirmos que isto pode ser explicado por ser um problema genético. Neste caso, haveria muito pouco a ser feito por essas crianças: tratar o corpo, utilizar drogas que tragam a criança para mais perto do “padrão normal” e procurar métodos que a auxiliem a mudar seu comportamento. Mas, pensando para além do orgânico, muitos destes sintomas podem ser um sinal de alerta de que algo não está bem – não somente com a criança, mas com a família. E aí está o nó da questão: por mais difícil que seja ver isto, às vezes não são os filhos os “problemáticos”; os próprios pais podem fazer parte deste problema. Em geral, quando a família identifica um membro como doente, os outros membros estão defendidos, e evitam entrar em contato com suas dificuldades emocionais.

Vamos aprofundar um pouco.

A família é responsável pela formação e estruturação psíquica da criança. Mesmo antes de nascer, o filho já faz parte da fantasia dos pais: “o que vai ser quando crescer? Se for menina será trabalhadora como a mãe, vaidosa como a tia?” etc. A criança nasce mergulhada em um universo simbólico que já determina alguns caminhos. Ao crescer, a criança vai concretizando parte desses desejos. Mães que impõem seus desejos e vontades aos filhos, por exemplo, podem contribuir para a criação de sintomas neuróticos por não permitir que os filhos tenham os seus próprios desejos. E quanto mais rígida essa projeção, maior será a dificuldade da criança em criar seu próprio eu, realizar seus desejos, por não conseguir libertar-se dos desejos dos pais. Rebeldia ou extrema passividade podem ser alguns sintomas gerados neste quadro.

Quando falamos da dinâmica da família na formação de sintomas nas crianças, temos outros pontos a observar, por exemplo, a pressão sofrida pela longa jornada de trabalho. Muitas vezes há uma inversão no padrão comum das gerações anteriores: os pais estão assumindo mais a casa e as tarefas domésticas, e as mães ficando muito tempo fora, no trabalho. Isto pode gerar de um lado sentimento de culpa nas mães (que se busca compensar com excesso de mimos, presentes e dificuldades para estabelecer limites), de outro as dificuldades do homem que não viveu essa experiência na sua própria infância com seu pai. E a criança, quando não consegue entender muito bem essa dinâmica, pode perder tranquilidade emocional por não saber o que esperar dos pais no tocante ao seu papel no ambiente doméstico: vê o pai exercendo papel de filho, a mãe que exerce papel de amiga. Quando a criança não sente a função paterna ou materna sendo exercida, sintomas podem começar a aflorar. O sintoma da criança é parte integrante do sintoma da família.

É muito comum na clínica vermos pais projetando inconscientemente nas crianças seus ideais, suas culpas, frustrações, realizações fracassadas. Também vemos bastante o desejo dos pais em manter o filho sempre dependente: quanto mais ele é “meu”, mais fica escondido o medo de perdê-lo para o mundo. Aqui, o filho acaba tendo a tarefa imposta de completar a metade dos pais, completar a falta que os problemas emocionais dos pais geram, preencher o vazio.

É preciso, portanto, tomar cuidado com os diagnósticos dados às crianças, pois manter o foco do tratamento apenas na criança pode impedir de ver a causa real dos sintomas. Rotula-se a criança como “problema”, e os pais ficam de fora do tratamento, sendo impedidos de ver suas dores, seus conflitos, suas culpas, etc. Eles ficam de lado. O diagnóstico dado à criança nem sempre representa a realidade da família. E é interessante notar que, quando atendemos apenas os pais, vemos os sintomas de seus filhos diminuírem. Com o atendimento aos pais, a família passa a ter novas significações de cada um de seus membros.

Cabe ao terapeuta acolher estes pais, ouvi-los e ajudá-los na compreensão do que está oculto, para que possam livrar-se de culpas, mágoas e frustrações.





Por Paulo Daruiche 20 abr., 2020
Estamos vivendo momentos difíceis no Brasil, e especialmente na cidade de São Paulo. Após um mês do primeiro caso confirmado de vítima fatal relacionada à Covid-19 (este texto foi revisado em 17/abril/2020), passamos de 2000 mortes no Brasil (no estado de São Paulo temos a maior incidência, que são 928 mortes). Segundo os especialistas, estamos ainda na curva ascendente desta epidemia. E o isolamento paulista por enquanto segue até o dia 10 de maio. Um fator que aumenta muito o estresse que estamos vivendo é a falta (ou o excesso) de informações. Em parte porque ninguém ainda sabe, realmente, muita coisa sobre essa doença nova. Estamos aprendendo com ela, ao longo do tempo. Temos visto a comunidade científica divergindo de opinião. Por exemplo, vimos pesquisadores renomados afirmando veementemente que o número de mortos no Brasil (por sermos um país subdesenvolvido) poderia passar de um milhão de pessoas. Esta profecia parece ser bem distante de acontecer, ao menos até agora. Também vemos a divisão sobre quais tratamentos seriam mais eficientes, quais protocolos teriam melhor efetividade nas UTIs etc. O que temos de concreto até o momento? Em primeiro lugar, vamos ver as estatísticas. No Brasil, a mortalidade relacionada a esta doença hoje é de cerca de 6%. Ou seja, morreriam 6 em cada 100 pessoas doentes. É um número alto; mas esse número não está correto , pois não se sabe ao certo quantas pessoas tem a doença no Brasil. Estima-se que o número de pessoas contaminadas com Coronavirus seja muito maior (alguns pesquisadores falam em 10x mais), e não sabemos o número correto porque não são feitos testes para pessoas assintomáticas, ou com sintomas leves. Por isso, a taxa real de mortalidade deve ser bem mais baixa - talvez algo em torno entre 0,5 e 1%. Em segundo lugar (ainda nas estatísticas), existe um grupo de risco muito claramente definido. São as pessoas maiores de 60 anos, que apresentem doenças crônicas anteriores - especialmente cardiopatia e diabetes: 75% das vítimas fatais estão neste grupo (ou seja, 3 em cada 4 vítimas). E os homens também estão mais vulneráveis: cerca de 60% das vítimas são homens. Em terceiro lugar, nosso sistema de saúde precisa melhorar bastante. Normalmente faltam recursos, faltam leitos comuns. Esta doença, como vimos, tem uma preferência marcante por pessoas idosas, mas pessoas mais jovens também ficam doentes. O agravante é que nosso sistema de saúde não está preparado para receber um número maior de pessoas ao mesmo tempo, e isto provocaria um colapso - os poucos leitos que temos são ocupados rapidamente, e podemos chegar a uma situação na qual estejamos sem estrutura para acolher as pessoas doentes. Esta é a razão do isolamento em casa: demorar mais para contaminar toda a população, e dar tempo para os leitos dos hospitais ficarem desocupados (ou não totalmente ocupados, por nem todos ficarem doentes ao mesmo tempo). Além disto, não há consenso sobre o tratamento, e o tempo de ocupação dos leitos hospitalares e de UTIs é de duas a três semanas. Por fim, uma comparação com a mortalidade da gripe sazonal. Estima-se que no mundo morram todo ano até 650 mil pessoas por doenças respiratórias relacionadas à gripe comum (dados da OMS -Organização Mundial da Saúde). Até o momento em que este artigo é escrito temos cerca de 150 mil mortes relacionadas ao coronavirus. Então, o que sabemos desta doença é que: . A maioria das pessoas vai se contaminar em algum momento; . A grande maioria das pessoas (especialmente as mais jovens) terão pouco ou nenhum sintoma - mas esta doença também afeta pessoas mais jovens; . A taxa de mortalidade é muito mais alta entre as pessoas com mais de 60 anos e com doenças crônicas pré-existentes; . A mortalidade é maior entre os homens; . A taxa de mortalidade real desta doença parece ser relativamente baixa, provavelmente similar à da gripe sazonal e suas complicações; . Por enquanto ainda não há consenso sobre o tratamento alopático. Como a Homeopatia pode ajudar? Como já dissemos em outros textos, a Homeopatia pode ajudar de três formas: 1. Uma delas é tratando as pessoas doentes. Sabe-se que esta doença tem três fases: na primeira fase temos poucos sintomas (às vezes a pessoa nem tem sintomas): garganta seca, dores pelo corpo, cansaço, falta de apetite, diarréia, e dois sintomas bem peculiares são a anosmia (ausência repentina do olfato sem nariz congestionado) e a ageusia (ausência do paladar); na segunda fase aparece a dificuldade para respirar, a prostração fica muito grande, a pessoa sente cansaço para os mínimos esforços. A febre é geralmente baixa, alternando com calafrios e suor. E a terceira fase é a da insuficiência respiratória, onde os pulmões ficam muito comprometidos. De um modo geral, os sintomas que temos visto nos pacientes das duas primeiras fases são: . Grande fraqueza, debilidade; tontura; . Boca seca; . Náuseas; . Diarréia; . Dores de cabeça (às vezes concentrada no olho); . Dores no corpo (nas costas principalmente); . Dor no peito (muitas vezes em queimação); . Tosse seca; . Falta de ar, sensação de estar sufocando; . Piora geral ao entardecer; . Febre com calafrios; . Transpiração profusa. Temos visto que alguns medicamentos homeopáticos tem sido valiosíssimos (como o Arsenicum album, Camphora, Bryonia alba, Phosphorus, Antimonium tartaricum, Carbo vegetabilis , entre outros), mas é preciso individualizar cada caso para escolher o melhor medicamento. Em nossa experiência, o medicamento que tem resolvido mais de 90% dos casos tem sido o Arsenicum album. Ainda não tive a oportunidade de tratar nenhum paciente internado em UTI, mas com os medicamentos acima percebemos que os pacientes que já estavam passando da segunda para a terceira fase melhoraram com o tratamento homeopático domiciliar, e a doença regrediu. Neste momento posso contabilizar mais de 30 pacientes meus tratados em casa com homeopatia (confirmados de Covid-19 ou morando com pacientes confirmados). Tenho conversado com diversos médicos homeopatas de São Paulo e do Brasil, e a experiência tem sido bastante semelhante. Arsenicum album tem sido de enorme ajuda. 2. A segunda forma de ajuda que a Homeopatia pode oferecer é a identificação do “medicamento da epidemia”, que na Homeopatia chamamos de “Gênio Epidêmico”. Já explicamos em textos anteriores, mas segue aqui um pequeno resumo: o gênio epidêmico é o medicamento que poderia tratar a maioria das pessoas doentes, incluindo os casos graves. Ele só pode ser identificado quando a epidemia chega a um determinado local, pois os sintomas em certa cidade ou país podem ser diferentes dos que observamos em outras cidades ou países. Por isso, foi preciso esperar que a epidemia chegasse até nós para verificarmos quais sintomas as pessoas que ficavam doentes apresentavam, e assim escolher a melhor medicação. Embora já tivéssemos as indicações de medicamentos homeopáticos escolhidos em outros países, só poderíamos confirmar isto analisando e comparando com os nossos casos. Na Índia, país que faz fronteira com a China, o medicamento escolhido foi o Arsenicum album, como já dissemos em outro texto. Este medicamento foi dado à população, e a taxa de infecções e mortes na Índia tem sido surpreendentemente baixa até agora. Por isso, até este momento, ainda penso que o Arsenicum album é um forte candidato a ser o “Gênio Epidêmico” , o medicamento da epidemia. Na minha experiência ele tem se mostrado muito eficiente no tratamento dos quadros agudos na maioria das pessoas, e os sintomas da fase mais grave estão cobertos por ele. A única ressalva que ainda tenho, como já disse, é o tratamento de pacientes graves em UTIs. Seria ponto sem questionamento se pudéssemos observar esta melhora também nestes pacientes, mas até este momento não tenho este dado clínico. 3. E a forma que mais pode ajudar quem já se trata com Homeopatia: é preciso que todas as pessoas continuem seus tratamentos homeopáticos. Quando temos uma doença como esta, na qual as pessoas ainda não desenvolveram imunidade, é de fundamental importância que a imunidade inespecífica (a nossa resistência geral) esteja bastante eficiente, e conseguimos isto ao tratar homeopaticamente as doenças crônicas das pessoas (pacientes mais antigos de homeopatia entendem isto como o “remédio de fundo”). Com a manutenção do tratamento, a imunidade melhora, e a pessoa fica mais resistente às doenças em geral - além de melhorias em todos os órgãos e sistemas corporais, como o respiratório, digestivo, cardiovascular, endócrino e nervoso/psíquico. Com tudo em equilíbrio, nossa energia vital aumenta, e ficamos mais fortalecidos. Então vamos resumir as recomendações: 1. Fique em casa se for possível . Caso precise sair, use máscaras e tenha em mente um distanciamento das outras pessoas. 2. Lave as mãos . E o hábito de deixar os sapatos fora de casa deveria ser mantido sempre. 3. Converse com seu médico para saber quem poderia utilizar o Arsenicum album nesta epidemia, e de que forma. 4. Em casos agudos, ao menor sintoma, entre em contato o quanto antes . Evite tomar medicamentos que diminuam sua imunidade, e siga as recomendações médicas. 5. Não deixe de dar continuidade ao seu tratamento médico, ou à terapia. As consultas online neste momento estão ajudando muito. 6. Mantenha hábitos saudáveis , mesmo ficando em casa. Procure respeitar os ritmos de sono, os horários das refeições, evite excessos de comida ou bebida, tome sol, pratique exercícios. Finalmente, caso precise de ajuda para qualquer assunto relacionado à sua saúde, sejam questões físicas ou emocionais, entre em contato . A Homeopatia pode ajudar.
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